segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Uma Noite na Taverna com a poesia de William Blake


No dia 10 de outubro, a partir das 19 horas, no SESC São Gonçalo, o evento Uma Noite na Taverna irá homenagear pela segunda vez, o bardo inglês William Blake. A primeira vez em que os tavernistas homenagearam Blake foi em uma edição do evento em 2008. Além da poesia de Blake, teremos a participação dos poetas Jacques Soares, Yuri Gabriel e Carlos Eduardo Vitorino. A música ficará por conta da excelente banda de Rock, de Niterói, O Divã Intergaláctico. Exposição de Artes plásticas no local, de Letícia Teixeira.

O poeta William Blake escreveu e ilustrou mais de vinte livros. "O livro de Jó" da Bíblia, "A Divina Comédia" de Dante Alighieri (trabalho que foi interrompido por sua morte), além de títulos de grandes artistas britânicos de sua época. Artista polêmico e incompreendido, muitos de seus trabalhos foram marcados pelos seus fortes ideais libertários, com destaque para os poemas do livro "Songs Of Innocence and Experience ("Canções da Inocência e Experiência"), onde apontava a igreja e a alta sociedade como exploradores dos fracos.  

O poeta William Blake escreveu e ilustrou mais de vinte livros, incluindo "O livro de Jó" da Bíblia, "A Divina Comédia" de Dante Alighieri - trabalho interrompido pela sua morte - além de títulos de grandes artistas britânicos de sua época. Muitos de seus trabalhos foram marcados pelos seus fortes ideais libertários, principalmente nos poemas do livro Songs of Innocence and of Experience ("Canções da Inocência e da Experiência", em 1789), onde ele apontava a igreja e a alta sociedade como exploradores dos fracos. Inicialmente publicados em separado ("Canções da Inicência" e "Canções da Experiência") estabelece o autor uma relação dialética entre os dois volumes, acentuando a malignidade da sociedade, revelando também os dois estados opostos da alma humana.

Tiriel, placa 2, escultura por William Blake (1757-1827, United Kingdom).
Em suas obras, Blake tem como pano de fundo o desenvolvimento dos ideais ilumunistas e a eclosão da Revolução Industrial inglesa. Ele encontrou em sua época uma paisagem literária totalmente adaptada às imposições sociais, aos padrões clássicos do período "augustiano", vindo a divergir totalmente desse conformismo, seguindo o ideário romântico, não se furtando em fechar os olhos para a miserabilidade e para o sofrimento humano, devido as inúmeras injustiças que encontrava ao seu redor.
William Blake (1757-1827) - "a bruxa de Endor elevar o espírito de Samuel'- pena e aquarela sobre papel New York Public Library.
O evento em homenagem a William Blake começa às 19 horas com a exposição da artista plástica Letícia Teixeira, com término previsto às 22 horas, após o encerramento com a banda O Divã Intergaláctico.

ENTRADA FRANCA!

Uma realização SESC Rio de Janeiro, com a Produção de Sete Damas Produções.

POESIA

A Humana SúmulaA Piedade deixaria de existir 
Se não fizéssemos nós os Pobres de pedir; 
E a Compaixão também acabaria 
Se a todos, como nós, feliz chegasse o dia. 

E a paz se alcança com mútuo terror, 
Até crescer o egoísmo do amor: 
A Crueldade tece então a sua rede, 
E lança seu isco, cuidadosa, adrede. 

Senta-se depois com temores sagrados, 
E de lágrimas os chãos ficam regados; 
A raiz da Humildade ali então se gera 
Debaixo do seu pé, atenta, espera. 

Em breve sobre a cabeça se lhe estende 
A sombra daquele Mistério que ofende; 
É aí que Verme e Mosca se sustentam 
Do Mistério que ambos acalentam. 

E o fruto que gera é o do Engano 
Doce ao comer e tão malsano; 
E o Corvo o seu ninho ali o faz 
No mais espesso da sombra que lhe apraz. 

Todos os Deuses, quer da terra quer do mar, 
P'la Natureza esta Árvore foram procurar; 
Mas foi em vão esta procura insana, 
Esta Árvore cresce só na Mente Humana. 

William Blake, in "Canções da Experiência" 
Tradução de Hélio Osvaldo Alves
O Jardim do AmorO Jardim do Amor fui visitar, 
E vi então o que jamais notara: 
Lá bem no meio estava uma Capela, 
Onde eu no prado correra e brincara. 

E os portões desta Capela não abriam, 
E "Não farás" sobre a porta escrito estava; 
E voltei-me então para o Jardim do Amor 
Lá onde toda a doce flor se dava; 

E os túmulos enchiam todo o campo, 
E eram esteias funerárias as flores; 
E Padres de preto, em seu passeio secreto, 
Atando com pavores minhas alegrias & amores. 

William Blake, in "Canções da Experiência" 
Tradução de Hélio Osvaldo Alves
A Imagem DivinaCompaixão, Pena, Paz & Amor, 
Todos lhes rezam no seu sofrimento; 
E a estas virtudes de tanto fulgor 
Entregam o seu agradecimento. 

Compaixão, Pena, Paz & Amor 
É Deus, nosso pai adorado, 
Compaixão, Pena, Paz & Amor 
É o Homem, seu filho amado. 

Tem Compaixão humano coração, 
E tem a Pena uma face humana, 
Amor, a forma divina de eleição 
E a Paz, o traje que irmana. 

Todo o homem, em todo o clima, 
Que, com dor, reza como é capaz, 
Reza à forma humana divina, 
Amor, Compaixão, Pena & Paz. 

A humana forma amar é um dever, 
Para os ateus, os turcos, os judeus; 
Compaixão, Amor & Pena, haja onde houver, 
Também é lá que encontrareis Deus. 

William Blake, in "Canções da Inocência" 
Tradução de Hélio Osvaldo Alves

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